Terceiro setor, opcao viavel para o proceso de envelhecimento no futuro: hoje, nao.

AuthorNormanha Filho, Miguel Arantes
PositionADMINISTRACI

RESUMO

O terceiro setor revela-se de importância estratégica para a administração de serviços no processo de envelhecimento, devido à flexibilidade de ações locais, nas comunidades, possuindo também características de informacional, global e em rede. Porém hoje as organizações do terceiro setor, no Brasil, assim como o poder público, quase nada faz para nossos velhos. Mas antes de sermos pessimistas, o futuro revela-se promissor para um terceiro setor atuante na área, ocasionado por uma mudança cultural que se processa na nossa sociedade.

A cultura jovem de hoje, predominante, não será a da próxima sociedade. Em 2025 no Brasil, a expectativa de vida será de 74 anos. Teremos impactos de ordem crescente em áreas como a social, econômica, cultural, política e da saúde. Toda a sociedade sem exceção será afetada, seremos uma sociedade de velhos.

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Oterceiro-setor é uma opção a um Estado ausente de ações eficazes, que se revela atualmente ineficiente e sem política estratégica para a questão, assim como para o futuro: a nova sociedade com configurações diferentes das atuns, caso nada seja feito no sentido do equacionamento da questão.

Peter Drucker guru da administração moderna diz que, "Nos países desenvolvidos, com exceçáo dos Estados Unidos, o número de jovens está caindo de forma acentuada. Nos Estados Unidos ele começará a diminuir dentro de quinze ou dezoito anos. Desde 1700, pressupomos tacitamente que a populaçáo cresce e que a base cresce mais que o topo. Portanto, isso não tem precedente. Não temos idéia do que significa [...] Mas pode-se prever que a cultura jovem de hoje não irá durar para sempre. Sabe-se que há muito que a cultura predominante e feita pelo grupo de crescimento mais rápido. E não será de jovens" (DRUCKER, 2003: p. 37-38).

Para Drucker, a situação de hoje, e a que se projeta para o futuro, é de a um fenômeno relacionado entre outros fatores com a queda no número de nascimento e aumento na expectativa de vida, que segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), a expectativa de vida da população mundial em 2025 será de 80 anos.

Apesar de Drucker focar muito de suas análises em países desenvolvidos, no Brasil hoje a expectativa de vida é de 67 anos, contra 74 anos previstos para 2025. Temos portanto um país que está deixando de ser de jovens para ser de velhos, o que significa dizer que as pessoas que nasceram no pós-guerra, em 2025 estarão na faixa de 65 aos 80 anos, e ainda segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) para países desenvolvidos são considerados pessoas idosas as que possuem mais de 65 anos, e no caso de países em desenvolvimento como o Brasil, a idade é de 60 anos.

Impactos em ordem crescente, são esperados em áreas como a social, econômica, cultural , política e da saúde. Toda a sociedade sem exceção será afetada por tal fenômeno, que deverá ser analisado e estudado por diferentes áreas do conhecimento, face seu aspecto multidisciplinar.

A flexibilização do trabalho, redução dos postos de serviços, aliado a diminuição do tempo de serviço, mas com o aumento da expectativa de vida da população são ingredientes de uma formulação social e econômica potencialmente perigosa para a sociedade do futuro, caso soluções não sejam encontradas com um novo olhar para o problema e para a solução dele.

A globalização econõmica, se de um lado, graças aos avanços das ciências e tecnológico trouxe aumento na expectativa de vida de parte da população do globo terrestre, de outro lado fragilizou o poder e capacidade da administração do Estado-Nação, privilegiou países em desenvolvimento em detrimento aos em desenvolvimentos (sub-desenvolvidos) , privilegiou o capital e não o trabalho, gerou excluídos, não mais e somente aqueles identificados como abaixo da linha de pobreza, mas excluídos do mercado de trabalho formal, excluídos da tecnologia e do conhecimento, excluídos do amparo social de governos com graves crises financeiras, mas mais do que nada de governos sem definição do seu novo papel em uma sociedade em rápido e incerto processo de transformação.

O fato concreto é que estamos vivendo um processo de ampliação de expectativa de vida da nossa população, e teremos que cuidar do envelhecimento, não mais como se estivéssemos tratando de "algo novo" na vida de uma pessoa, isto é como fases estanques, a criança, o jovem, o adulto, e o velho. Mas dentro de uma visão ampla, sistêmica, de ciclo de vida: nascimento, infância, juventude, maturidade e terceira idade, ou velho conforme Guite I. Zimerman adota como termo em seu livro já citado. Se não trabalharmos o todo, não conseguiremos solução para as partes, as fases do ciclo de vida. Assim um ponto deve ser considerado para a proposição de solução de serviços para o velho:

* Terceiro Setor como organização para viabilização de ações de cunho social, desvinculada do Estado, mas comprometida com a comunidade e poder local, e com o velho em uma visão sistêmica de ciclo de vida.

O presente estudo limita-se de forma inicial a possibilidade de uso do chamado terceiro setor como agente de práticas na administração de serviços no processo de envelhecimento, uma porque as escolas de administração focam mais os serviços em atividades de negócios, e não aos serviços sem fins lucrativos, com conotação para o social que entretanto reflete no econômico de dada sociedade. E de outras áreas do saber integradas a gerontologia, em especial a assistência social, que ainda não possui rodas as respostas para a complexidade das necessidades, presentes e futuras.

Drucker diz que somente dois setores não são suficientes, necessitamos de três. O setor que não é governo nem empresa com fim lucrativo, mas aquele que é chamado de terceiro setor, ou ligado à sociedade civil, "Mas aprendemos que o governo, como qualquer outra ferramenta, é bom para algumas coisas mas ruim para outras [...] Tudo que um estado faz, ele tem de fazer a nível nacional. Ele, não pode experimentar, nem se adaptar às condições regionais de uma sociedade [...] É claro que o mercado, com sua motivação única de lucro, simplesmente não tem interesse nem capacidade para lidar com os problemas sociais" (DRUCKER, 2002: p. 115-116/. Assim visualizamos com...

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